segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Dizem que o tempo é o que dele fazemos.

Sob alguns aspectos não deixa de ser verdade, porquanto a sua evolução e possíveis inflexões de nós dependem inteiramente. Todavia, o tempo, no seu sentido físico e prático é algo contínuo que nos deixa uma profunda mágoa. Ficamos realmente magoados quando algo passa por nós indiferente à nossa opinião, ao nosso olhar e sobretudo quando quase imploramos para passar um pouco mais devagar, ou depressa consoante as circunstâncias.

Afinal e vistas bem as coisas, nós é que somos um produto do tempo.

Passa languidamente pela vida de uma criança, dando-lhe oportunidade de observar sem grandes problemas os factos do mundo, criando ou não traumas irreversíveis ; baralha-nos na adolescência e juventude quando todos os minutos contam e nenhum é igual ao precedente ; stressa-nos quando adultos quando julgamos que não o temos mesmo e todos os prazos são queimados, levando-nos ao desespero e a profundas depressões quando não encaramos as coisas “com tempo” ; choca-nos quando idosos, porque provavelmente “já nada era como no nosso tempo” e a verdade é que todos os dias se vai esgotando a uma velocidade vertiginosa.

Tenho para mim que somos realmente um produto do tempo. Embora não nos devamos deixar pressionar pelo mesmo, o certo é que quando queremos viver, amar, sorrir, usufruir o que a vida tem de bom, temos muitas vezes de lutar contra ele e a rapidez e eficácia da nossa actuação será determinante para termos ou não tempo para o fazer.

Infelizmente, quando a vida, o amor, o conforto de não estarmos sós, não é uma prioridade, certamente cada minuto se torna numa perda de tempo, até um dia não o termos mais…nem tempo para o lamentar.

José Carlos Lucas

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