segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Estranho.

Como não nos apercebemos de certas coisas na vida e elas passam-nos tão perto. As linhas que não discernimos são como as folhas outonais que se movem a uma velocidade estonteante e sem darmos por isso já lá vão sem conseguirmos identificar nenhuma delas.

A fina linha que separa a loucura da racionalidade mostra-se tão invisível quanto a praga que nos atinge, a febre que aparece sem aviso prévio, ou o amor que se vai quando menos estavamos à espera...ou talvez não.

O que quero dizer é que a atenção a essas linhas imperceptiveis tem de ser redobrada sob pena de galgarmos a que nos leva à loucura, normalmente sem retorno.

Esranho...

Estranho como interpretamos o estaticismo das nossas vidas como algo normal e depois tudo se pode desmoronar como um baralho de cartas.

Estranho como relações sentimentais já desgastadas se quebram e ficamos surpreendidos ; estranho como reacções de ciúme podem levar a desconfianças perdidas ; estranho como cumprimos escrupulosamente leis que nos afectam, prejudicam e são entraves à felicidade, estranho como temos relações de pura prostituição com os conjugues sem conseguirmos cortar esse elo nefasto porque nao podemos...ou nao queremos ; estranho como apesar de todas as medidas colocadas ao nosso alcance nos deixamos apanhar nas garras da SIDA, só porque não soubemos resistir a um impulso quimico, só porque não conseguimos que a razão se sobrepusesse à natureza.

Neste dia mundial da luta contra a SIDA vamos pensar. Vamos exercitar a razão e tentar que nas nossas vidas não entre essa estranheza, esse virus inteligente que o poder nos colocou à frente, só para estancar a subida em flecha da população. Gerações foram já eliminadas. Não vamos deixar que essa linha se torne imperceptivel e nos corroa até à morte.

Vamos fazer por nós e ajudar todos os que por descuido ou simples desconhecimento ganharam o direito a uma morte muito pouco digna. Isto se há alguma que valha esse qualificativo.

Vamos lutar e ajudar. Vamos tornar as nossas vidas menos estranhas.

Jose Carlos Lucas

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