1.
Na passada segunda-feira dia 3 de Dezembro, tive uma reunião no centro da cidade pelas 11 horas da manhã. Nesta época natalícia registam-se sempre alguns factos que me merecem um apontamento e também um ligeiro sorriso. Os milhares de assalariados que residem na região de Lisboa, acabaram de receber os seus subsídios de Natal e aí o concurso começa. Regra única : tentar estoirá-los no mais breve tempo possível e contabilizar o maior número de compras sem qualquer sentido ou necessidade. Usualmente nunca há um vencedor porque todos o são à partida e o resultado final nunca difere entre todos.
A azáfama instala-se na cidade e torna-se gradualmente impossível caminhar em linha recta na rua e muito menos nos Centros Comerciais da cidade. Multidões acotovelam-se para chegar mais depressa aos produtos, em função dos falsos avisos dos comerciantes de que os mesmos estão a esgotar. As pessoas esquecem o lato espírito natalício e a crueldade, selvajaria e atropelo instalam-se facilmente nos seus espíritos.
Como referia, cruzei várias artérias da cidade caminhando, quando gradualmente me comecei a aperceber do seguinte facto : Os ciganos tinham-se organizado a nível urbano e em frente de cada supermercado, Centro Comercial ou loja de conveniência, estava sempre alguém sentado no chão, com um copo na mão a pedir dinheiro. Alguns usavam ténis Adidas e Nike. Mas o que mais me impressionou foi a distribuição criteriosa por todo centro da cidade, transmitindo a ideia certíssima de há muito tinha sido preparada aquela acção e na segunda-feira era a manhã do ataque. Obviamente que quem pedia eram crianças de todas as idades e mulheres jovens. Nenhum adulto estaria incluído em tais tarefas, emergindo com um status elevado numa estrutura complexa mas disciplinada. Vamos ver se as receitas foram adequadas as objectivos, senão teremos uma onda de assaltos pelo final do ano e Janeiro.
José Carlos Lucas
2.
“No final de Maio de 1966, Mão criou um novo gabinete, o pequeno Grupo da Revolução Cultural. (…) Em breve começaram a aparecer emblemas com a cabeça de Mao, fabricando-se no total 4,8 mil milhões de unidades. Foi nesse Verão que o Livrinho Vermelho foi distribuído a toda a gente. Tinha de ser transportado e brandido em todas as ocasiões públicas e as suas prescrições recitadas diariamente.
(…) A 18 de Junho, uma quantidade de professores e quadros da Universidade de Pequim foram arrastados em frente de multidões e maltratados, os rostos pintados de preto e chapéus de burro nas cabeças. Foram forçados a ajoelhar-se, alguns foram espancados e houve mulheres que foram sexualmente molestadas. Episódios semelhantes aconteceram por toda a China, produzindo uma cascata de suicídios.”
Jung Chang e Jon Halliday
“Mao – A história desconhecida”
Sem comentários:
Enviar um comentário