segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Hoje e porque estamos a entrar no mês do Natal, decidi escrever algumas pequenas histórias para crianças, as quais poderão aproveitar para contar aos vossos filhos, sobrinhos ou porque não, curtirem-nas vocês mesmos.

Era uma vez uma porca chamada Maria. A Maria era uma porca das grandes, bem alimentada e que gostava de passar a vida ao Sol, despreocupada e sem fazer absolutamente nada, assim do género da função pública dos humanos. Um dia, o seu porco procriador decidiu que a Maria teria de começar a ajudar na lida da quinta e da sua pocilga, pois a porcaria já se tinha acumulado tanto que não havia mãos a medir. O porco pensou e resolveu dar-lhe o privilégio de tomar conta da ninhada de porquinhos que havia na quinta. A função consistia em contar histórias, levá-lo a comer e tratar dos que se sentiam tristes ou doentes.

A porca Maria ficou encantada com esta sua nova actividade. Já tinha bastado de Sol e boa vida. Agora era hora de ajudar o seu porco.

Era uma alegria vê-la ao final da tarde a recolher os seus leitões e à noite a falar com eles, dando-lhes soluções para os pequenos problemas que os afligiam e depois de amamentar alguns, dar-lhes um carinho até adormecerem.

Um dia a porca Maria ao falar com uma vizinha lamentou-se que o caseiro lhe tinha tirado a ração porque entendia que ela era uma porca para engorda e não para andar a trabalhar tanto. “Ah queres trabalhar, então vais passar fome, teria dito o caseiro”. Não fazia sentido, agora que se sentia tão útil, ser tratada abaixo de porca. Porque era porca com muito orgulho. Mas quem mandava era o dono e teve de deixar os seus meninos para voltar aos banhos de Sol. No início estranhou, mas depois regozijou-se com a decisão do caseiro. Afinal, estar sem fazer nada e usufruir de uma engorda boa e saborosa era o sonho de qualquer porca e a Maria não era excepção.

Mas o caseiro não tinha gostado que a porca Maria tivesse dito mal dele às outras porcas. Decidiu no entanto agora aumentar-lhe a ração.

Um dia a festa chegou à quinta. Muitos automóveis, pessoas bem vestidas e perfumadas estavam constantemente a entrar. Olhavam para a Maria e sorriam. Simpáticas. Até que veio o caseiro e lhe disse “vamos Maria, está na hora. Já engordaste demasiado e falaste também em demasia, por isso hoje vais dar-nos a honra de servires de jantar para o Patrão e os seus amigos”.

E assim foi. A porca da Maria foi trinchada como uma faca no coração e já sem quaisquer questões foi servida em pratos quentes para os mais gulosos e frios para aqueles que preferem esperar.

Coitada da Maria. O caseiro expôs a sua língua ao Sol para todos os porcos terem conhecimento de que não se fala por falar e sem razão aparente. O resultado será sempre o que teve a porca Maria.

José Carlos Lucas

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