segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

É um facto inegável que o Natal já me disse algo.

Lembro-me quando era pequeno, da excitação de receber os presentes que eram possíveis logo muito cedo a 25 de Dezembro. Curiosamente não me recordo de acreditar no Pai Natal nem nas renas que com esforço puxavam o trenó em que viajava tão obesa personagem. No entanto, os presentes sabiam sempre bem.

Quando os meus filhos nasceram e até à sua idade de 12 anos, coube-me sempre fazer o papel de Pai Natal. Aí também entravam os meus sobrinhos e restante família. Pelos miúdos fazemos tudo.

Era sempre uma época de alguma nostalgia, dado que era passada numa localidade fria do Alentejo e o cheiro acolhedor das lareiras acesas mantinha a alma quente, enquanto os doces caseiros típicos locais, preservavam a gordura de modo a não termos frio.

A vida no entanto é feita de pequenos avanços e recuos, de passos em falso e apostas no futuro, que embora credível, tarda cada vez mais em clarificar-se e tornar-se realidade.

Este ano passo o Natal com os meus pais. Como há 30 anos atrás. Amo-os. Como também amo os meus filhos. Mas estes passam a época festiva com a mãe.

Quem amo também não quer passar comigo, ou não pode, como se poder fosse querer e a vontade algo irredutivelmente fixo. Quando não se quer, diz-se que não se pode e quando se quer pode-se sempre. Isto serve para a amizade, a companhia, a solidariedade, o amor, enfim, tudo.

Este vai ser um Natal de verdadeira solidão. A mesma que, apregoam os falsos poetas, pode ser tão positiva e tão benigna que tornará alguns seres mesmo felizes. Por mim dispenso.

Um Bom Natal para todos.

José Carlos Lucas

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