Não votei no partido que suporta este governo. Aliás, normalmente voto em partidos pequenos em virtude de não concordar com a lei eleitoral nem com o sistema de eleição do governo. Sei que muita gente julga que ao votar nas eleições legislativas está a eleger um governo através do seu voto num determinado partido. Nada mais falso. Estamos simplesmente a eleger deputados para a Assembleia Legislativa, através de nomes, simples nomes de cidadãos que na maior parte das vezes só visitam os círculos eleitorais a que se candidatam, na época do acto eleitoral. Trata-se pois, em minha opinião, de uma farsa eleitoral. Ninguém nos assegura que o partido que vence coloca quem promete como proposta de governo e muito menos podemos ter a segurança que o Presidente da República o vai sancionar. Tudo representativo, nada directo, como deveria acontecer numa democracia que fizesse jus ao seu nome.
Todavia, tenho apoiado algumas medidas de saneamento financeiro do Estado porque as acho necessárias e em definitivo, a população portuguesa terá de ter a noção que viveu muitos anos acima das sua reais possibilidades, com um endividamento impressionante das famílias e que isso se traduziria mais tarde ou mais cedo na penúria das mesmas, no aumento do desemprego e no agravamento das condições de vida dos portugueses. Esse é um dado relativamente ao qual não tenho dúvidas. A culpa aqui não morre solteira : é de todos. Seja qual for o governo que geriu o país no pós 25 de Abril, não teve como prioridade o bem estar dos cidadãos mas sim a elevação do seu status no mundo da política e posteriormente no sector económico. Os sindicatos são um bom exemplo disso. Qualquer sindicalista que se preze já deixou de trabalhar há muito, dedicando-se em exclusivo “à defesa das classes trabalhadoras” sem o mínimo de resultados visíveis. Em 33 anos de democracia ainda não houve uma conquista das classes mais desfavorecidas que tivesse o cunho dos sindicatos. No entanto, os tribunais estão cheios de processos contra esses pseudo-sindicalistas por abuso de poder e desvio de fundos.
Se até ao final da década de 80 se compreendia a frustração dos portugueses por terem estado enclausurados 50 anos e terem sido sujeitos a uma guerra injusta, suja e devastadora, acompanhada de uma repressão nazi e de uma pobreza extrema, o que indubitavelmente provoca o desejo de possuir tudo aquilo a que se tem direito numa Europa que se diz igualitária, nunca se teve porém a consciência de que essa mesma Europa vive neste momento melhor porque saiu de uma guerra horrível e os seus povos trabalharam e sofreram tanto ou mais em duas décadas como nós não o fizemos em 900 anos de história. É simples e não poderemos nunca colocar a cabeça dentro do buraco. O síndroma do Sebastianismo é um factor genético-histórico que nos acompanhou desde sempre. Algo há-de aparecer para nos salvar, não nos vamos preocupar. É disso que continuamos à espera e é por isso que cada vez mais somos o país mais atrasado da Europa. Dentro de cinco anos, qualquer Albânia ou Creta nos ultrapassa com a tranquilidade de quem trabalha para construir o seu futuro, enquanto nós passamos o Janeiro a contar os feriados e as pontes que temos durante o ano, no sentido de, num esforço glorioso de aritmética conseguirmos os tradicionais 50 dias de férias aos quais se juntarão mais umas baixas médicas para complementar a viagem que faremos a Fortaleza para “comer umas gajas boas cmó milho, pois daquelas não há cá”.
Perturbou-me de qualquer dos modos, algumas últimas decisões deste governo em termos de gestão do quotidiano dos cidadãos. Um dos sectores que se deve saber gerir sem macular as populações é sem dúvida o da saúde. Neste aspecto e para além das premissas economicistas que poderão estar por detrás de decisões menos populares, as coisas não estão a correr bem. Fecham-se maternidades, encerram-se Centros de Saúde, fecham-se hospitais, só porque a afluência era diminuta e economicamente inviável segundo dizem. Como resultado destas decisões pouco calculadas, apenas podemos contabilizar mais de 50 partos feitos em ambulâncias porque agora se tem de caminhar mais de
Meus amigos, uma morte é demais onde quer que seja. Em minha opinião, este facto faz do Sr Ministro da Saúde e do Primeiro Ministro DOIS ASSASSINOS passíveis de serem julgados em qualquer tribunal credível na União Europeia.
Lamentavelmente estamos a falar de pessoas humildes e pobres que não têm nem conhecimentos nem meios para avançar com um processo acusatório de crime em primeiro grau com dolo, por parte destes dois senhores.
Assim agíssemos todos e o país estaria a ser governado por gente decente.
José Carlos Lucas
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