A palavra, o verbo como em termos bíblicos é considerada, nunca deverá significar aprisionamento, mesmo que para tal se coloque em causa a chamada honra. Diariamente somos confrontados com a frase “palavra de honra” usada em múltiplas ocasiões e com imensos interesses subjacentes. Tenho sempre dúvidas se o que está em causa é a própria palavra ou mesmo a honra. De qualquer forma, uma ou outra serão facilmente adulteradas, é uma questão de tempo. E quando não conseguimos cumprir a tal “palavra de honra” ficamos com um sentimento desgastante de culpa, que nos corrói a consciência e dilacera o coração. Não conseguimos adquirir a consciência de que nem sempre é possível levar até ao fim tal promessa e não poderemos ser criticados pelo facto. Quanto muito, sabemos que mais tarde ou mais cedo as consequências virão com maior ou menor intensidade, mas virão e temos de estar preparados para isso. O resto não deverá ser motivo de preocupação para ninguém. Senão vejamos. Os crentes em qualquer das religiões existentes no globo são os primeiros a defender que a união entre dois seres deverá ser efectuada na presença do ente superior em que acreditam e que a palavra dita na cerimónia e a promessa efectuada terá de ser incondicionalmente cumprida. Muito bem. Todavia, verificamos que uma grande parte desses mesmos crentes rompe os relacionamentos que ofereceram à sua entidade sagrada. Então porquê preocuparmo-nos em sobrecarregar a agenda divina ? Não bastaria simplesmente realizar a união natural dos seres e vive-la de acordo com o biorritmo de cada um? Creio que sim. Não vamos encher o mundo e a nossa vida de palavras vãs que depois não somos capazes de cumprir, ou, pelo contrário, o seu cumprimento implica a presença dentro de uma masmorra até ao fim dos nossos dias. Libertemo-nos da palavra. Sejamos radicais um dia na vida e quebremos o elo que nos liga a compromissos obsoletos e de consciência duvidosa. Abramos o nosso coração ao mundo no sentido de podermos receber calorosamente a noção de liberdade.
Liberdade. Palavra tão gritada e tão pouco cumprida. Andemos descalços pela rua, façamos topless ou nudismo não praias, beijemos publicamente com ternura a pessoa que amamos, porque estas sim, são palavras de esperança e rompimento de grilhões mentais e físicos que ainda atormentam muita gente.
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